Aquilo que você não quer ouvir... mas precisa!

Por, Anderson Tonetto.

Algumas pessoas irão te enganar, te iludir. Vão dizer que “você pode fazer aquilo que quiser”, que se “você quer você consegue”, que o “céu é o limite” e mais um monte de baboseiras de autoajuda. Não acredito nisso. Você é uma pessoa limitada. Todos somos, nascemos com inúmeras limitações. Algumas destas limitações são responsabilidade da sua genética. Tem pessoas que nascem com jeito para música e tem pessoas que nascem com habilidades para esportes. É muito simples observar isso. Assista uma aula de educação física do ensino fundamental e você verá que alguns alunos se saem melhor no pega-pega. São mais velozes, mais flexíveis, mais desenvoltos. Estas crianças não treinaram para ser campeões na modalidade, simplesmente nasceram com estas habilidades. Herdaram dos pais, dos avós. Outras crianças talvez se recusem a participar da brincadeira e irão preferir brincar com algum instrumento.

Algumas destas limitações são responsabilidade da sua criação. Falar vários idiomas também é uma habilidade (que pode ser explicada com habilidades mais básicas), porém também esta associada com o desenvolvimento durante a infância. Sei que existem muitas pesquisas demonstrando que crianças que são estimuladas a aprender outros idiomas na infância desenvolvem uma certa área cerebral, caso contrário se atrofiará. Isto pode se tornar uma limitação no futuro. Se você resolver ser o “senhor das línguas” com 50 anos, você provavelmente não será, mesmo que a autoajuda diga que “tudo é possível”.

Pessoalmente, acho que estes tipos de ideias são um grande problema social. Ao dizer para um jovem que mal consegue se equilibrar sobre as próprias pernas, que com muito treino ele pode chegar a ser um dia, o camisa 10 da seleção brasileira, você está destruindo o sonho dele. Você está fazendo com que o jovem dedique grande parte do tempo para aprender algo que ele não será bom. Provavelmente ele até melhore, mas continuará sendo motivo de chacota entre os colegas. Depois de um tempo restará um jovem frustrado e infeliz.

As pessoas deveriam ser estimuladas a desenvolver o autoconhecimento. Você ter claramente em sua cabeça o que você faz bem e o que faz mal. Não é fácil, mas é possível. Veja aquilo que você se sente bem em fazer. Você gosta de falar em público? Se sente tranquilo, confiante? Então esta pode ser uma habilidade sua. Agora se você treme todo só de parar diante dos amigos na sala de aula para apresentar um trabalho, não deixe alguém dizer que você poderá ser o próximo presidente porque você não poderá. É simples. Você pode tentar, pode melhorar, progredir, mas nunca será bom o bastante.

Sabe qual é a parte mais interessante disso? Que você não precisa ser o presidente. Outras pessoas nasceram para isto. Não é vergonha alguma. Você simplesmente não reúne as habilidades necessárias. Contudo pode ser que você tenha as características necessárias para ser o melhor padeiro do mundo. Na padaria não será preciso grandes discursos, é preciso os ingredientes certos nas proporções corretas.

E aqui vai minha autoajuda. Todos nós nascemos com uma série de habilidades. Você também. Acredite! O que diferencia uma pessoa de sucesso de uma pessoa fracassada é o tempo investido nas habilidades corretas. Se o Neymar tivesse dedicado a sua infância para ser um pianista, ele teria fracassado. Depois de um tempo tentaria outra coisa, e outra e outra, até terminar não sendo nada.

Por isto é preciso se experimentar na vida. Faça atividades diferentes, se exponha em situações adversas. Assim você poderá se conhecer melhor e descobrir em quais habilidades você deve focar.

Concluindo: se você é uma pessoa que não curte matemática, que odeia fazer contas, que se arrepia só de ver uma equação, que não estimula seu raciocínio lógico (leia mais aqui), você nunca será o “Lord of Excel”. Simples assim. Pode aprender um pouco, fazer uns gráficos, mas vai continuar sendo ruim. E o que fazer? Dedique seu tempo a algo que você seja bom. Assim você ganhará muito dinheiro e poderá contratar uns consultores loucos (pode ser eu) apaixonados pelas mesmas coisas que você odeia. Simples assim.

Abraços.

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